sexta-feira, 25 de setembro de 2009

GAVETA DA ALMA


Quem não acumula numa gaveta lá num cantinho da alma , vivências, recordações , fatos , despedidas, encontros e experiências !!! Quem não guarda nessa gaveta uma frase , um sorriso , um orgasmo ,o odor de um perfume , uma musica , um carinho , uma verdade ou até mesmo uma mentira ! É muito fácil se limpar uma gaveta quando ela se encontra num móvel , onde o seu conteúdo é palpável e de fácil acesso, representado por uma flor murcha , um disco , uma foto , um chaveirinho ou um poema escrito as pressas .Mas ... como é difícil limpar essa outra gaveta que guardamos dentro da alma ! A impressão que temos é que tudo que ali se encontra são cicatrizes impossíveis de serem desmarcadas. E como se o nosso próprio eu rejeitasse a idéia de destruí-las . Sempre que tomo a decisão de fazer uma limpeza na minha gaveta encontro como obstáculo a negativa do meu coração.que insiste em desfilar na minha mente tudo aquilo que guardei dentro dela! E o perfume julgado esquecido espalha o seu aroma no ar, o sorriso quase apagado aparece diante de meus olhos, frases que foram sussurradas aos meus ouvidos embalam mais uma vez as minhas lembranças , e até as mentiras vividas me parecem mais leves. Como jogar fora tantas coisas tão minhas? Como estraçalhar pedaços meus se eles fizeram parte do meu viver?
Melhor , bem melhor fechar de novo a gaveta e respeitar o que escrevi num pequeno papel preso a chave dela em letras garrafais hoje amarelecidas :” Para todo um sempre”.

Um comentário:

  1. Além da forma lírica desse belo texto, a autora nos remete ao passado, fazendo-nos reviver fatos e acontecimentos que ficarão, para sempre, guardados nas gavetas da alma. E nas gavetas da minha alma, um deles é o cigano Wladmir, da minha infância. Belo cigano moreno, de grandes olhos negros! Violonista que encantava as noites de lua cheia do meu-pé-de-serra, ao dedilhar seu violão, levando para bem distante as notas maviosas de canções ciganas! Puro amor da minha infância! Doce lembrança que guardo, ciosa, nas gavetas da alma.
    Obrigada, Pequena Rosa, por tão belo e póetico texto, escrito, sei, com o coração.

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