sábado, 1 de agosto de 2009

JANGADAS ... SAUDADES ...


Gosto de ficar olhando as jangadas que retornam do alto mar quando o sol começa a desaparecer no horizonte. É uma paisagem natural das nossas praias aqui no Nordeste, mas que nunca deixou de ser um deleite para meus olhos e meu coração.Fico observando aqueles homens bravios de pele queimada pelo sol, retirando das jangadas em velhas redes os peixes que depois de vendidos irão alimentar seus lares e seus sonhos.Em todos o sorriso feliz por mais uma vitória daquelas aparentemente frágeis embarcações na luta pela sobrevivência no misterioso mar azul.
São muitos os jangadeiros espalhados pelas praias de todo o litoral nordestino.. Considerados os últimos heróis do mar,eles insistem teimosamente em conservar seu rude e romântico ofício, em Alagoas, em Pernambuco, na Paraíba, no Rio Grande do Norte e no Ceará, mantendo esse processo de trabalho já herdado de seus pais e avós , na certeza de que filhos e netos prosseguirão o trajeto de vida que escolheram .Hoje olhando essa paisagem que tanto admiro , lembrei um amigo jangadeiro que conheci quando jovem na Ilha de Itamaracá , o Manoel., e com ele fiz muitos e muitos passeios em jangadas desfrutando as belezas que o mar nos oferece. No começo tive um pouco de medo em seguir rumo o alto mar naquela embarcação a vela , movida pelo vento e tendo um remo como leme, mas com o passar do tempo me acostumei. E na companhia do jangadeiro Manoel , curti momentos felizes, sentindo o sol queimando minha pele, desfrutando uma brisa amena e ouvindo as histórias que ele contava ( na época ele já deixara de pescar , e usava a jangada apenas para passear com turistas que visitavam a ilha ). Um dos mais belos passeios que fiz com o Manoel , lembro bem , foi quando ele me levou até a chamada “zona dos corais” localizada entre alguns “bancos de areia” onde se podia perfeitamente em águas super tranqüilas e rasas , mergulhar e desfrutar um gostoso banho de mar .Poxa quantas lembranças dentro de mim ! Vídeos tapes do passado, recordações emolduradas por mar , jangadas, sol, céu azul, uma juventude que já vai longe ... e tudo assim tão de repente e suave como o bailar dessas jangadas que após um dia de luta , se deitam com velas enroladas para descansar ao cair da noite na branca areia .Pouco a pouco os jangadeiros se dispersam em direção á suas casas e o sol começa a desaparecer também no horizonte. Aceno para cada jangada já adormecida e volto lentamente para casa.
Na minha mente ainda recordações de um passado que não volta mais. No coração,saudades mergulhadas num mar azul, onde a lua dentro de mais algumas horas espalhará o seu brilho , contando por certo para outras pessoas , historias que já não são minhas.

3 comentários:

  1. "Minha jangada vai sair pro mar..." Tão bela quanto o texto está essa foto. Sou apaixonada por estas cores tão ou quanto o sou por esse misterioso, abissal, profundo e convidativo reino das águas.Andei de jangada, em 1964, no mar da praia de Maria Farinha! Não sabia, como não sei até hoje, nadar.Um bonito rapaz me toma pela mão, mergulha fundo no mar tranquilo. Ele volta à tona. Soltou minha mão.Esqueceu.Quase morri afogada. Por incrível que pareça não me apavorei.Estava tranquila sob a imensidão das águas. O moço bonito lembra. Mergulha e me traz de volta à vida.

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  2. Lindo tchuca, parabéns pelos escitos.
    Seu blog cada vez melhor, um beijão
    Roberta

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  3. Você nos conduz ao mar, mesmo estando dentro de uma paisagem serrana. Mas nossos olhos gravaram imagens semelhantes. Essa crônica abriu o botão de um dos meus oásis particulares.
    Dizem que " um pingo d'água na serra , encanta mais que o mar..." ( sei que conhece a canção), mas o mar é a somatória de infinitos pingos d'água.
    Vou carregar essa crônica e paisagem para o meu Ceará- a terra das jangadas !

    Um beijo.

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